segunda-feira, 25 de março de 2013

Capítulo 8: Todo mundo odeia ser enganado.


Como ele pode me enganar assim e ainda pegar o meu all star?”

Estou quase morrendo de tanto ódio! Corrigindo: Já morri! Estou vendo minha vida passando diante dos meus olhos, e todas as cenas nostálgicas estão tendo como acompanhando uma música insuportável vinda da casa dos meus vizinhos.
A única pessoa que sabia, além do Liam e do Louis, que aquele era meu tênis da sorte era o futuro ser que iria virar cadáver chamado Niall. E por que diabos a minha porta da sacada está entreaberta? Eu me lembro que fechei ela com bastante força da última vez!
Sim, agora tudo faz sentido. Tudo bem, nada faz sentido. Por que o Niall roubaria o meu tênis? É isso o que eu vou descobrir agora.
Fui para a minha sacada e percebi que o estrago que eu fiz na porta deles tinha sido tapado com um pedaço de papelão e fita adesiva. Que coisa de pobre, meu Deus!
Gritei o máximo que podia pra chamar a atenção dos dois, mas meus gritos eram todos abafados pelo alto “projeto de música”. Alguém vai morrer hoje!
Me cansei de tanto gritar e resolvi pular pra sacada deles. Tenho que admitir, não foi muito fácil.
Depois de três horas me contorcendo mais do que minha mãe quando tenta limpar o umbigo eu pulei pro outro lado. Gritei, esperneei, esmurrei... Só faltei chorar pra que eles me ouvissem. Mas aí, do nada, a música parou.
Agora percebo o quanto isso fez mal para os meus tímpanos. Com muito custo fui retomando a audição e ouvindo a voz daqueles ratinhos brancos do outro lado.
–NIALL, EU VOU MATAR VOCÊ! – Gritei, socando a porta deles mais uma vez.
Harry levou um susto tão grande, mas tão grande quando abriu a porta que eu podia jurar que ele iria desmaiar.
Viu? Agora foi ele quem se assustou. A justiça falha, mas não tarda! Ou seria o contrario? Enfim...
–Emily? – Ele murmurou com os olhos arregalados.
–Emily? – Niall repetiu com os olhos da mesma forma.
–Não, a minha avó! – Ironizei, empurrando Harry da minha frente e invadindo o quarto deles.
Quase tropecei em uma guitarra enquanto seguia marchando até Niall. Opa, espera aí. Uma guitarra? Olhei para a guitarra Stratocaster toda preta no chão e quase entrei em transe. QUASE, porque eu tinha coisas mais importantes para fazer.
–O QUE VOCÊ FEZ COM O MEU TÊNIS? ALIÁS, POR QUE VOCÊ ROUBOU O MEU TÊNIS? – Apontei um dedo na cara de Niall, que deu alguns passos para trás, se afastando.
–Seu tênis? Eu não peguei o seu tênis. – Ele tentava se explicar. – Suponhamos que eu tenha pego o seu tênis... – Não complica pra você, muleque. – E se eu supostamente peguei o seu tênis por que eu fui devolver ele hoje de tarde se eu poderia supostamente só ficar com ele?
–Como é que você sabe que é ESSE tênis que eu estou falando, hein? E você só ficou sabendo que aquele era meu tênis da sorte quando “supostamente” foi me devolver. – Fiz aspas no ar.
Harry gargalhou enquanto eu não tirava meus olhos do rosto assustado de Niall.
–Tênias da sorte? – Harry ainda ria. – Garota, saia do meu quarto antes que eu te jogue pela janela.
–Nós temos um caso muito sério aqui. – Falei no meu melhor estilo “Sherlock Holmes”, desviando minha atenção de Niall para Harry. – Foi um de vocês, ou os dois, só pode ser. Que tipo de ser estúpido invadiria um quarto pra roubar apenas um tênis? Estúpidos iguais a vocês! – Comecei a andar em círculos, dando ênfase na minha teoria. – O que uma pessoa faria com um único pé de um tênis? Macumbeiros iguais a vocês fariam macumba! E vocês tinham motivos, razões e circunstâncias para fazerem isso com o meu pobre tênis já que ele foi o motivo de uma porta quebrada.
–Não viaja. – Harry balançou a cabeça negativamente, pegando a guitarra no chão e se sentando em uma das camas. – Se você terminou já pode ir. Não tenho tempo pra perder com você.
–Desculpa, Emily, mas não tem nenhum tênis da sorte aqui. –Niall falou fazendo uma carinha fofa. Uma carinha fofa que não me engana!
Fez-se um silêncio no quarto, e eu pus-me a observar o mesmo. Partindo da porta da sacada, havia duas camas do lado direito, separadas por uma mesa com um computador. Havia um amplificador a lado da cama em que Harry estava sentado, ao qual a guitarra que ele tinha em mãos estava ligada. Tinha vários CDs jogados sobre a outra cama, e do outro lado do quarto havia uma porta – que julguei ser o banheiro – e um closet enorme. E por que eu estou observando tudo isso? Porque tudo me parece muito suspeito.
Harry dedilhava a guitarra lentamente, observando o nada. Niall brincava com o microfone que só agora percebi que tinha em mãos.
O negócio estava tão tenso que só faltava um relógio daqueles de igreja badalando para completar o clima.
–Eu não saio daqui sem o meu tênis. – Me sentei no espaço vazio ao lado de Harry, que agora além de dedilhar a guitarra fazia gestos esquisitos com os lábios. Culpado!
Suspirei entediada.
–Sinto muito pelo seu tênis, Emily. – Niall fingiu lamentar-se. Como é que ele pode fazer isso sem rir?
–Niall, vem aqui um pouquinho! – Uma voz feminina gritou do andar de baixo.
–Já vou, mãe! – Niall gritou em resposta, olhando para mim e jogando o microfone na outra cama antes de sair.
Me joguei na cama, de modo que fiquei com o tronco deitado na mesma.
–Sai da minha cama, ameba. – Harry resmungou.
–Não, protozoário. – Respondi, olhando para as minhas unhas.
Harry começou a dedilhar com mais força a guitarra, fazendo com que eu movesse involuntariamente meus pés que estavam para fora da cama. Não acredito que esse ‘coiso’ sabe tocar guitarra!
De repente ele parou, e o silêncio voltou a prevalecer.
–Ai, que saco! – Me sentei na cama de novo. – Vocês não podem apenas devolver o meu tênis e me deixar ir? Eu juro, eu prometo que nunca mais quebro nada de vocês. – Encarei Harry suplicante.
–Bem, que parte do “não tem nenhum tênis da sorte aqui’ você não entendeu? Me fala pra que eu possa desenhar pra você. – Harry me encarou, entediado.
–E que parte do “não saio daqui sem o meu tênis” você não entendeu? – Arqueei uma sobrancelha.
–Então você nunca mais sairá daqui, o que é uma pena, porque está me dando enjôo ficar olhando para a sua cara.
–Vê? Eu odeio você e você me odeia. Devolva o meu tênis, eu vou embora e nunca mais vou olhar na sua cara, então a vida volta à sua mais perfeita anormalidade. Simples assim. – Concluí.
–SEU TÊNIS NÃO ESTÁ AQUI. – Harry falou alto e calmamente cada palavra. – Quer que eu soletre?
Ok. Isso está realmente me irritando. Eu tenho certeza de que foram eles!
–Ai, meu Deus. – Finalmente minha ficha caiu. – Se não está aqui então o que vocês fizeram com ele? O que vocês fizeram?! – Arregalei os olhos, me jogando no chão sobre as minhas pernas e fazendo um perfeito drama.
–Tá vendo essa guitarra, garota? – Harry apontou para a guitarra que tinha em mãos. – Eu só não quebro ela na sua cabeça porque eu tenho muita pena dela.
–Ok. Se não está aqui então você não se importa se eu der uma olhada pelo quarto, não é? – Perguntei, sentada sobre as minhas pernas, olhando para ele com uma cara de “HÁ, se ferrou!”
–Não. – Ele deu de ombros. Droga. E lá se vai o meu plano.
–Não mesmo? – Fiz uma cara interrogatória, mexendo com as sobrancelhas.
–Olha só, caí fora do meu quarto! – Ele se irritou, deixando a guitarra sobre a cama.
–Por que está tão preocupado que eu dê uma olhada pelo quarto, senhor “seu tênis não está aqui”? – Perguntei, erguendo um pouco a barra da colcha da cama em que ele estava sentado e colocando minha cabeça debaixo da mesma para observar lá.
–Pela última vez: NÃO ESTÁ AQUI! – Ele berrou, fazendo com que eu me desconcentrasse e batesse minha cabeça na cama enquanto eu tentava tirar ela de debaixo da mesma.
–Au! – Coloquei a mão na minha cabeça, no lugar que teria um futuro galo.
–Não está aqui, nós não pegaríamos o seu tênis e eu só quero que você saia do meu quarto. – Ele falou convicto, olhando bem no fundo dos meus olhos. É, acho que me convenceu.
–Tudo bem, eu desisto! Cansei. – Ok, não foram nem meia hora de batalha e eu já estava rendida. Eu sou uma bela soldada, eu sei.
Me levantei seguindo em direção a sacada deles. Depois de mais três horas consegui pular para a minha novamente. Eu não acredito que saí derrotada, mas eu realmente não agüentava mais ouvir a voz daquele garoto e ele conseguiu me convencer. Mas quem pegaria o meu tênis se não foram eles?!
–E a propósito, você toca muito mal. – Falei com uma cara de convencida, enquanto estava prestes a fechar a porta da minha sacada e ele fazia o mesmo com a dele.
–E a propósito, você tem uma guitarra legal. – Ele sorriu de orelha a orelha, fechando a porta na minha cara.
–Hãn? Como é que ele sabe que eu tenho uma guitarra se ele nunca entrou no meu quarto? – Fazia meu raciocínio em voz alta após ter fechado a porta da sacada. Eu ainda não tinha captado a mensagem. - O quê?! – E foi assim que eu, Emily Evans, matei Harry Schultz após invadir o quarto dele com uma faca.
Não. Eu não fiz isso. Apenas me encarei no meu imenso espelho. Nada de escândalo.
A única coisa que meu ódio me deixa pensar nesse momento é que eu vou matar esse garoto lentamente após esfregar a cara dele no asfalto e fazer com que ele assista a própria morte. Como ele pode me enganar assim e ainda pegar o meu all star? Se ele quer guerra, é o que ele terá!
Sabe a parte que eu disse sem escândalo? Então... Esquece.
–AAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!

Skrillex @ Tomorrowland 2012 Live Set - Full HD 1080

*uuuu*

sábado, 23 de março de 2013

7º Capítulo: Todo mundo odeia ladrões.




“(...) pois eu posso até não estar vendo quem roubou o meu objeto da sorte, mas já odeio essa pessoa do fundo do meu fígado.


Quando eu era pequena, eu já tinha o costume de reclamar da vida. Eu deveria ter aproveitado mais a época em que as minhas únicas preocupações eram não fazer xixi nas calças e xingar todo mundo que implicava comigo porque eu preferia brincar de carrinho do que de boneca. Se eu soubesse que as coisas iriam piorar drasticamente dessa maneira eu teria aproveitado meu tempo livre e reclamado mais.
Recapitulando os últimos capítulos da minha vida eu percebo que quanto mais eu rezo mais a assombração aparece.
–Andem logo, cambada! – Louis berrava em frente à casa dos Schultz enquanto os esperava para irmos jogar vídeo-game. Tomara que a mãe deles saia com um cabo de vassoura e bata na cabeça dele pra ele aprender a parar de ser tonto.
NIall passou pela porta; olhou para Louis e depois olhou para mim.
–Minha mãe não deixou a gente ir. – Louis disse, suspirando. – Ela disse que temos que ajudar a terminar a mudança.
–Obrigada, senhor! – Fechei os olhos exclamando e quase me ajoelhando ali no meio da rua.
–Poxa, cara. – Louis balançou a cabeça negativamente.
Harry saiu logo atrás de Niall, e me lançou um olhar terrível. Ele só faltou rosnar, pular em mim e arrancar minha orelha.
Entortei um pouco a cara e estalei os olhos, olhando para ele. Acho que fiquei parecida com a menina do filme de terror de ontem e talvez tenha assustado ele. Não, não assustou. NIall começou a rir e Harry deu um sorrisinho ainda com aquela cara de “te pego na saída”, enquanto Louis ainda se lamentava.
–Pra quê se lamentar? Nós temos é que comemorar! O sol está brilhando nesse dia lindo, olhe! – Falei para Louis e olhei para o céu, que ainda permanecia nublado por causa da chuva. – Bem, nem tá brilhando tanto, mas o dia tá lindo.
–Quem sabe na próxima, não é? – Louis olhou para mim e logo depois perguntou para eles, voltando a sorrir.
–É, em alguma próxima vida, e de preferência na que nem tiverem inventado o fogo ainda e muito menos um vídeo-game. – Falei.
–E de preferência na que eu nascer cego pra não ver sua feiúra. – Harry revidou, olhando para mim.
–Vamos, Louis. Os meus olhos precisam de descanso de tanta... Tanta... Só... Vamos logo! – Puxei Louis enquanto falava.
–Tá, tá. – Louis resmungou.
A nossa tarde foi linda. Jogamos a tarde inteira, enquanto ríamos e nos divertíamos comendo todos os tipos de porcarias na face da terra.
NÃO! NÃO FOI NADA DISSO! Chegamos na casa do Liam e fomos expulsos, como esperado. Então seguimos rumo à casa do Louis, e eu fui atingida por um monte de água, quando um carro ‘acidentalmente’ passou por uma poça e fez com que tudo espirrasse em mim. Chegando no Louis, demorou umas três horas pra televisão preta e branca dele ligar.
Claro, foi muito divertido comer puro pão velho enquanto jogávamos um jogo que travava toda hora em uma televisão 1D. Tá legal, não era nem 1D, mas pelo menos tinha momentos em que ela pegava milhões de cores, porque quanto a imagem travava aparecia um monte de fitinhas coloridas dançando na tela. E o cabeçudo do Louis não quis que a gente fosse pra minha casa porque era muito longe. Foi perfeito. Tão perfeito que tenho vontade de chorar.
Agora estou voltando pra minha casa. Sozinha, numa rua escura e solitária, tudo porque meus belos amigos da onça dizem que a minha casa é muito longe.
Já devem ser umas nove da noite, e tudo o que só pode ouvir por aqui são tiros. Mentira. Só latidos de cachorro, mas se fossem tiros seriam até menos assustadores.
Se eu tenho medo de ser roubada enquanto volto pra casa sozinha à noite? Claro que não, até porque a única coisa que podem roubar de mim são... Bem, será que meus órgãos prestam?
Não, eu realmente não tenho medo. Tudo bem. Eu tô tremendo que nem vara verde aqui, mas é segredo.
Já posso avistar a minha casa. Meu Deus, espero que a luz tenha voltado! Mas se depender da sorte que tenho é capaz que até alguns fios de eletricidade tenham se arrebentado, sei lá, explodido.
Passei em frente à casa dos Schultz, de onde uma barulheira infernal podia ser ouvida. Essa não! De aberração barulhenta já basta eu nesse bairro.
Entrei em casa e tropecei em tudo antes de achar o interruptor. A luz piscou umas quinhentas vezes, igual naquelas casas abandonadas, antes de acender.
Subi para o meu quarto, não antes de acender todas as luzes pelo caminho. Tudo está muito estranho por aqui. Muito estranho. Algo me cheira mal, e dessa vez eu nem botei fogo na cozinha.
Aglomerei toda a bagunça do meu quarto em um único canto bem longe da minha guitarra. Claro, eu protejo a minha preciosidade, mesmo nem sabendo tocar.
Dei uma boa olhada por todo o meu quarto. Por que raios eu sinto que falta algo?
Me encarei no imenso espelho da porta do meu closet e tentei ignorar a barulheira que vinha do quarto dos gêmeos antes de me jogar na cama. Fiquei olhando para o teto mais uma vez. Ai, que depressão.
De repente eu me levanto em um pulo, como se tivesse sido picada por uma cobra. Tá, eu não sei qual seria a sensação de ser picada por uma cobra, mas eu me levantei na velocidade da luz.
Olhei por toda a minha cama, tendo um flashback de onde eu tinha “guardado” o meu all star da sorte. Não, não, não... NÃO!
Revirei toda a casa. Olhei até dentro da privada, e nada de encontrar o meu amado all star. Só achei o outro par, que estava jogado dentro do meu closet.
Não é real! Eu só dormi de tédio na casa do Louis e estou tendo um pesadelo desses. É a única explicação lógica.
Voltei para o meu ponto de partida, o meu quarto. Encarei o pé oposto do meu all star da sorte. Ah, cara! Se nem com o conjunto todo eu tinha sorte, imagina só com um pé.
Olhei para a porta da minha sacada que estava entreaberta. Como assim?
Sabe aquela frase que diz que o que os olhos não vêem o coração não sente? Então, ela é uma baita de uma mentira, pois eu posso até não estar vendo quem roubou o meu objeto da sorte, mas já odeio essa pessoa do fundo do meu fígado.

quarta-feira, 20 de março de 2013

6º Capítulo: Todo mundo odeia o Louis.



                                            " -Mas eu nem fiz nada! ”
Vida, eu exijo os Montgomery de volta como meus vizinhos! Eu exijo! Olha, se a minha exigência não for aceita, eu faço uma troca: eu paro de jogar chiclete no cabelo dos outros quando eles não estão olhando. O mundo não seria um lugar melhor se isso acontecesse? E além do mais, se os Montgomery forem meus vizinhos de novo, eu nunca mais vou precisar quebrar a porta de ninguém.

Estou aqui, jogada em minha cama, olhando para o teto sem piscar, como se eu tivesse morrido com os olhos abertos. Talvez eu possa ficar aqui até morrer de verdade. Não, eu não posso morrer assim, ainda tenho muitas cabeças pra acertar chicletes.

Mas por enquanto vou ficar assim até o resto da minha raiva passar; meu travesseiro só aguentou metade dela, pobrezinho.

Suspirei pesadamente.

Eu conheço esse tal de Harry não tem nem meio dia e já o odeio do fundo do meu pâncreas. Oh, dia. Oh, vida. Oh, mundo.

Meu celular “ultramoderno” que não tem algumas teclas e que eu pintei de esmalte pra ficar mais bonitinho começou a tocar em algum lugar do meu quarto. Quando eu finalmente achei-o me joguei na cama novamente, atendendo-o.

Oi, teu pai tem boi? – Louis me perguntou do outro lado da linha.

–Não. Tem vaca, seu babaca. – Respondi, irritada. – O que foi?
Vamos ir jogar vídeo-game no Liam?
–Não, a gente não pode ir ao Liam. A mãe dele sempre nos coloca pra fora e nós nunca jogamos nada-
 Não! A gente vai porque lá é muito melhor. Nós vamos nem que eu tenha que ir te buscar, entendeu?
Fiquei quieta com uma cara de “vou chamar minha vovó pra esfregar sua cara na lama”. Depois de um segundo Louis continuou a falar:
–Então tá. Já tô indo aí, sua fedelha. – disse e simplesmente desligou na minha cara.

Não sei quanto tempo fiquei jogada na minha cama. Acho até que cochilei, porque Louis já havia chegado e a campainha estava tocando.

Levantei ainda meio dormindo, e foi um sacrifício achar a saída do meu quarto. A maldita campainha não parava de tocar.

–Já tô indo, seu chato! – gritei quando estava na metade da escada.

Não conseguia ficar nem com os olhos abertos, então... Tropecei nos meus próprios pés e rolei o resto da escada. Agora sim acordei.

–Que inferno, Louis! – berrei, correndo mancando até a porta. – Olha aqui, seu viado- – parei de falar assim que abri a porta e percebi que não era o Louis. – Cara, você e o seu irmão têm que parar de me assustar assim.


–Eu toquei a campainha. – Niall tentou se defender.

–E me derrubou da escada. Obrigada. – dei um sorrisinho irônico.

–E você quebrou a minha porta. De nada. – ele revidou.

–E você vence a disputa. – concluí, olhando para o chão, enquanto ainda segurava a porta. Houve um longo silêncio de uns três segundos que foi quebrado por ele.

–Tem uma xícara de açúcar pra emprestar? Sabe como é, né?

Levantei meu olhar e olhei bem pra cara dele. Olhei bem mesmo... e comecei a rir.

–A-a-aham. Sei. – tentei falar em meio as minhas gargalhadas.

–Ok, eu não vim pedir açúcar. – ele deu um sorriso. – Eu vim te entregar isso. – e finalmente eu percebi o que ele tinha em mãos: Meu all star. Parei de rir na hora. Era meu lindo all star do cano alto e cheio de tranqueiras penduradas. Meu all star que além de tudo era...

–Meu all star da sorte! – exclamei. – Não acredito que eu taquei ele na porta de vocês. Na hora da raiva eu não vi nem o que eu tinha tacado. Pobrezinho! – tentei pega-lo, mas como Niall é mais alto, ele ergueu-o com uma das mãos, enquanto eu dava pequenos pulinhos pra tentar alcançá-lo. Desisti, eu nunca iria conseguir. – Eu sei que quebrei a porta de vocês com isso, mas eu sinto muito, ok? Agora devolve!

All star da sorte? – ele arqueou uma sobrancelha.

–Eu sei, é irônico uma azarada como eu ter um tênis da sorte. E eu já odeio o seu irmão, não me obrigue a te odiar também.

–Tudo bem. – ele finalmente desistiu, e fez menção de me entregar o tênis, mas quando estiquei a minha mão para pega-lo ele puxou de volta.

–Idiota. – murmurei rindo, e dessa vez ele entregou-o.


–Por que você estava brigando com o Harry? – ele me perguntou, enquanto eu “abraçava” o meu all star. – Vocês mal se falaram e já estavam brigando.

–E por que eu não brigaria? Ele é muito chato. Eu também sou, então... Dois chatos não cominam! Tem certeza de que é seu irmão de verdade? Se eu fosse você pediria um teste de DNA.

–Claro, eu ainda tenho sérias dúvidas. – começamos a rir novamente.

–Eu nunca pensei que fosse dizer isso e o Louis logo vai passar aqui pra sairmos, mas... Quer entrar? – perguntei, pensativa.

–Você realmente está me convidando pra entrar? – ele pareceu não acreditar.

–Sim, e eu odeio o Louis por não ter passado por aqui ainda e me obrigar a fazer isso. E então, vai entrar antes que eu mude de idéia?

–Claro. – ele sorriu, e já ia entrando, quando eu fiquei na frente dele.

–Antes de mais nada, eu preciso saber seu sobrenome. A única coisa que eu sei é que seu nome é Niall. Você me parece suspeito, pode até me matar. – estreitei os olhos.

–Na verdade é isso mesmo. Meu nome é NIall Eu Vou Te Matar Quando Ninguém Estiver Olhando da Silva.

–Bom, nesse caso, você pode entrar. – sorri, lhe dando passagem.

Ele entrou, e deu uma boa olhada pelo cômodo, antes de olhar pra mim novamente.

–É Schultz. – ele me disse.

–Hein? – eu estava tão distraída olhando-o que nem sabia do que ele estava falando.

–Meu sobrenome. É Schultz. – ele voltou a afirmar, sorrindo por eu não me lembrar sobre o que falávamos.

–Ah, e eu estou usando meias novas. – parei pra pensar no que disse, enquanto ele ria. – Por que eu disse isso? – balancei a cabeça negativamente. – Então, por que se mudaram pra Seattle? – perguntei, enquanto fechava a porta. – E não me diga que não me interessa, como fez seu irmão.

–É uma longa história que eu poderia contar em uma frase ou duas. Minha mãe se casou novamente, então nós tivemos que nos mudar por livre e espontânea pressão. – explicou-me. – E você está sozinha em casa? – perguntou, provavelmente estava preocupado se alguma coisa explodisse e atingisse a casa dele.

–Eu sempre estou sozinha em casa. Minha mãe é uma doida que vive em salões de beleza e meu pai nunca está em casa porque vive viajando. Se eu não morrer pelo meu azar eu vou morrer de tanto comer enlatados. – caminhei, ainda mancando por conta da queda da escada, e parei em frente à mesma. – Espera. Eu vou lá guardar meu all star e já volto. Pode se sentar, aproveite que eu estou sendo muito legal hoje. É só pra me redimir pelo vidro quebrado.

Ia subindo as escadas, olhando para ele que tinha se sentado no sofá de frente para a mesma, quando tropecei de novo e caí de joelhos.
–Eu estou bem. Só quebrei a outra perna. – falei, me levantando, enquanto ele se segurava para não rir.

–Que belo tênis da sorte. – ele murmurou, e eu lhe mostrei a língua.

Entrei no meu quarto, coloquei o pé do meu all star em cima da cama e aproveitei pra ajeitar o meu cabelo antes de descer. Espero que o Niall já tenha morrido de tédio lá embaixo.
Desci feliz e saltitando. Mentira. Desci com uma cara de dor e demorei uns dez minutos para descer cada degrau.

–É sério que o Harry gostou de se sentar com a Zooey? – perguntei, me sentando no sofá que ficava de frente para ele.

–Ele te disse isso?

–Sim, e me chamou de sem seios. Eu estou desenvolvendo minhas curvas todos os dias, ok?! E foi por isso que eu quebrei a porta de vocês. – cruzei os braços, fazendo bico.

Ele começou a rir, me deixando ainda mais irritada.

–Quer que eu taque um tênis na sua testa dessa vez? – perguntei ainda revoltada.

–Desculpa, é que... – ele disse, quando parou de rir.

–Que eu sou mesmo uma sem seio? Eu sei disso, Schultz. Obrigada por me lembrar.

–De nada. – ele disse seriamente, assinando sua sentença de morte. Lhe lancei o meu olhar “super-hiper-mega-power-morre-seu-filho-de-Cruz Credo”. E então ele começou a rir de novo.

A campainha tocou, e eu me levantei bufando para ir atender a porta, enquanto Niall ainda ria.

–Espera aí, capeta. – falei para Louis quando abri a porta e me voltei para Niall, que percebendo quem era já tinha se levantado e ainda ria. Meu Deus, esse moleque vai morrer de tanto rir!

–Você realmente atende bem as pessoas que tocam a campainha, não é? – Niall me perguntou, e eu apenas empinei o nariz, voltando a olhar para Louis

–E aí, Niall? – Louis gritou no meu ouvido. Os dois ficaram conversando na varanda, enquanto eu me esforçava para trancar a porta que sempre conseguia acabar comigo.

–Emily, o Niall vai ir jogar com a gente. – Louis sorriu.

–Posso chamar o Harry? – Niall perguntou para Louis. Harry? Que Harry? Chamar o Harry?

–Claro! – ele respondeu, todo feliz.

–Ah, Louis... EU TE ODEIO! – esbravejei, chutando a porta. – Tudo é sua culpa!

–Mas eu nem fiz nada! – ele colocou uma das mãos no peito, incrédulo.