quarta-feira, 13 de março de 2013

4º Capítulo: Todo mundo odeia novos amigos.



"Pode me chamar de Emy."
Viu o que acontece quando se confia nas pessoas? Viu o que acontece quando você se deixa levar pelas primeiras impressões?! Eu até cheguei a acreditar que eles poderiam ser nossos amigos, mas eu tristemente me equivoquei. Mas isso não acontecerá novamente, porque eu não sou estúpida. Ok... Só um pouco, mas nem conta.

Eles escolherem seus próprios caminhos. Eu avisei para eles, mas eles não me ouviram. Agora, o mundo deles ficou negro... Ou deveria dizer rosa? Tanto faz. Chega de drama! Se eles quiseram se sentar com o grupinho da Zooey, eles não vou poder se sentar nunca na nossa mesa. Fato!

–Viu o que eu disse desde o principio?! Eles não são confiáveis! – dei uma cotovelada na barriga de Louis, que gesticulou um “au!” com a boca e levou uma das mãos até o lugar que eu atingi.

–Você disse desde o principio? Você estava é se rendendo toda aos Britânicos. Nunca vi você aceitar novos amigos tão depressa. – Liam falou, sentado de frente para mim. Dei um chute na canela dele por debaixo da mesa.

–Não interessa! Agora somos só nós três, sempre fomos nós! – esbravejei, socando a mesa.

–Nós três não. Se você continuar me batendo desse jeito eu não vou sobreviver por muito tempo pra contar a história. – Louis resmungou.

–Foi mal, é que... – parei de falar, enquanto observava o tal de Harry rindo descontroladamente enquanto Zooey e as outras patricinhas davam risinhos sem graça. Estúpidas! Elas nunca entendem uma piada mesmo. – Tô indo lá pegar os hambúrgueres dos nerds pra guardar no meu armário e comer depois. Vocês fiquem aí e não se movam! – falei já me levantando.

–Como se eu fosse me mover depois dessa cotovelada que quebrou a minha espinha. – Louis reclamou, antes que eu saísse dali.

Passei por trás da Zooey e de frente para os irmãos, de modo que eles pudessem ver a minha cara de desprezo. Só que eu não vi um projeto de rapper na minha frente porque estava ocupada demais me esforçando para fazer uma certa cara desprezo. Resultado: Eu bati no projeto de rapper que carregava sua bandeja e a comida da pobre bandeja voou toda sobre mim enquanto eu caia de bunda no chão.

Todo mundo gargalhou. Agora é que os britânicos não vão querer se sentar na nossa mesa mesmo! Mas não importa, porque além de eu não deixar eu tenho verdadeiros amigos. Nós somos sempre uns bobões, e isso que aconteceu agora está sempre acontecendo conosco, mas eu tenho orgulho dos meus amigos.

–Você tá bem? – ouvi a voz de Niall perguntar ao meu lado, enquanto eu ainda permanecia sentada e com os olhos fechados.

–Tô ótima! – gritei, me levantando e ignorando a mão que Niall estendeu para me ajudar.

–Claro que ela está bem, NIall . Isso sempre acontece com essa perdedora. – o projeto de Barbie chamada Zooey disse, fazendo aquelas amigas dela rirem feito hienas.

Fiquei olhando para Niall que me encarava com um olhar assustado, ou talvez até de pena. Que ódio!

–Vem, Emy. – Louis falou me puxando pela mão, nem olhando para aqueles perdedores. Ok, nós éramos os perdedores, mas esquece.

Ele me puxou para fora do refeitório, enquanto Liam nos seguia comendo um pacote de salgadinho.

–Tudo bem? – Louis me perguntou, quando paramos no corredor vazio dos armários.

–Claro que não. Agora eu vou perder o lanche dos nerds porque eu tenho que ir lavar o cabelo! Olha só pra isso! – peguei uma mecha do meu cabelo. – Meu pobre cabelo ruivo artificial! Não é justo!

–É, ela tá bem. – Liam constatou.

–Olha só, a gente pega o lanche deles pra você e te dá cobertura se você se atrasar para a próxima aula. – Liam disse dando um soquinho no meu braço. O problema é que esse soquinho vai ficar roxo. Viu? Isso é que é amizade!

_x_

Por sorte – reparem na ironia – eu não tinha um outro uniforme no meu armário. Então, depois de usar o chuveiro do vestiário “ilegalmente” eu tive que vestir a roupa usada para fazer Educação Física. Ah, Educação Física... Eu a amo, só porque eu posso dar boladas na Zooey ‘discretamente’.

A roupa se resumia a um shortinho preto e uma camisetinha pólo branca com o símbolo da escola. Tudo lindo e combinando com a minha beleza. Sim, eu sou uma pessoa muito irônica, mas a vida me ensinou a ser assim. A única coisa que está legal é o meu all star preto cheio de desenhos e com o cadarço laranja.

Depois do meu ‘mico’ que nem foi tão grande assim, pois eu já sofri coisas piores, eu voltei para a sala. Era aula de Literatura, com o professor Eric. Ele é o professor mais legal daqui, mas é segredo.

Como ele é legal me mandou entrar sem perguntar nada, e antes que eu pudesse começar a andar ouvi a voz de Zooey:

–Que inferno! Pensei que essa aberração já tinha morrido e nunca mais iria voltar.

Ignorei, porque nesse momento eu estava muito furiosa era com os irmãos. Além de tudo, eu só sofri um ‘acidente’ porque estava olhando para eles. Eles também não têm culpa de eu ser uma azarada, mas a vida é injusta. Eu sou injusta, então eu culpo quem eu quiser! Fim de papo!

Apenas me sentei de qualquer jeito no meu lugar. Olhei para Louis que rabiscava a carteira e depois olhei para Liam, que comia uma barra de chocolate calmamente.

–Cara, vocês me dão inspiração para morrer. – comentei.

–Isso é ótimo. – Liam disse, mastigando o chocolate de boca aberta.

Me virei para frente. Olhei com tédio para o professor que andava e falava sem parar. Logo depois senti alguém cutucando o meu ombro. Nem olhei para os irmãos quando cheguei e nem vou olhar agora.

–Emily. – Niall me chamou com a voz baixa. – Ô, Emily.

–Se você está querendo sua caneta de volta saiba que eu perdi. – falei sem me virar, me lembrando da caneta que tinha pego emprestada com ele. – É nisso que dá emprestar suas coisas pra uma pessoa desconhecida. E pra você é Evans. Me chame de Evans, não de Emily.

Ele ficou quieto. É bom mesmo que tenha desistido de tentar falar comigo.

Depois disso fiquei olhando para a carteira, pensando em como a vida é injusta e por que eu não tenho peitos. Ok. Ignorem essa parte.

–Emily, vai ficar aí até quando? – Louis me chamou, e só então notei que só estamos eu, ele e Liam na sala.

–O que aconteceu? O mundo já está acabando? – perguntei, me levantando.

–Basicamente, mas todo mundo só saiu daqui porque enquanto você viajava o professor mandou todo mundo ir pra biblioteca escolher um livro. – Louis me explicou. – Você está muito estranha, sabia? Está muito quieta.

–E daí? O Liam também é quieto, por que você não enche o saco dele?

–Olha só, eu nem estava na conversa. Pode parar de ficar falando meu nome por aí. – Liam resmungou.

–Então, vamos aproveitar que não tem ninguém e vamos matar o resto da aula? – Louis sugeriu.

–Bem, é que... – eu comecei. É que o quê, meu Deus? Pensa rápido. Pensa rápido. Eles estão olhando para mim como se eu fosse um macaco branco dançando Waka Waka.

–Como assim você não quer matar aula? – Louis me perguntou, confuso.

–É, Emy. Como assim? – Liam imitou a pergunta de Louis com um sorrisinho sacana no rosto. O que será que ele tá sugerindo com isso? O que será que ele tá pensando? O que será que eu tô pensando recusando matar aula?

–O que vocês estão fazendo aí? – eu nunca pensei que diria isso, mas eu fui salva por um professor. – Andem logo. – Eric insistiu, e Louis suspirou derrotado.

Fomos todos para a biblioteca, onde todas as mesinhas estavam ocupadas. Ótimo. Louis foi procurar algum livro sobre alguma coisa inútil, aposto. E Liam com certeza deve estar procurando algum livro sobre chocolates.

Eu apenas fiquei observando os livros naquelas imensas estantes. Caramba, dá pra se perder aqui dentro, se duvidar.

Fiquei andando, e andando. O tédio já estava tomando conta quando comecei a pensar como eu poderia ter recusado matar aula. Que estranho.

–Evans. – ouvi alguém me chamando enquanto folheava um livro velho. Com o susto derrubei o pobre livro no chão. Olhei para quem me chamava à minha frente e percebi que era... O Papa. Sério, se fosse o Papa eu teria me assustado menos. – Eu queria dizer que... – Niall começou, se perdendo nas palavras.

–Que achou bonito o meu tombo? – sugeri, enquanto pegava o livro no chão.

–Sim. Quer dizer, não... Espera! Não! – ele ficou ainda mais confuso, e eu comecei a rir. – Eu queria pedir desculpas por não ter ido sentar na mesa de vocês hoje. Vocês foram tão legais com a gente. Nós estávamos lá e de repente Zooey nos arrastou pra mesa dela, e eu notei que o conselho que você deu tinha razão. Nós devemos ficar longe dela.

–Uhum. – murmurei.

–Não ficou chateada, ficou? – ele arqueou uma sobrancelha.

–Não, imagina. Eu só... Praguejei vocês de todas as maneiras existentes. – falei, e dessa vez foi ele quem riu.

–Desculpa. – ele repetiu.o... Nã Ele estava tão, não vou ousar completar esse pensamento.

–Tudo bem. – sorri, e ele se virou. – Niall. – chamei-o, fazendo se virar novamente para mim. – Er... Esquece sobre o lance do sobrenome. Pode me chamar de Emy. – Ai, meu Deus. Eu não acredito que disse isso pra ele. Como assim “pode me chamar de Emy”? – Ai, meu Deus... Eu não acredito que eu disse isso. – olha aí meus pensamentos se tornando falas. Bati na minha própria testa, enquanto ele sorria.

Eu não gosto muito de sorrisos, mas o dele é o mais bonito que já vi.

–Claro, Emy. – ele falou, me tirando do transe.

–É Emily, tá legal? – fingi estar emburrada, e ele apenas sorriu, mais uma vez. – Emy é só para os amigos.

–Então nós não somos amigos?

–Amigos... Amigos, não. Digamos inimigos com privilégios. Então até nos tornarmos amigos você me chama de Emily. – houve um breve silêncio. – Certo, essa conversa parece estúpida pra você tanto quanto parece pra mim?

–Depende do quando você acha ela estúpida, Emily. – deu ênfase no meu nome.

–Ok. Vejo você por aí. – dei de ombros, e fiquei observando ele ir.

Minha Nossa Senhora das Meninas de Cabelos Tingido, o que foi isso? Me sinto estúpida e ao mesmo tempo feliz por ter sido estúpida. Vai entender.

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